
A produção de ovos no Brasil vive seu melhor momento histórico. Em 2024, o país bateu um recorde: foram 57,7 bilhões de unidades produzidas, o que representa um crescimento de 9,9% em relação ao ano anterior. O salto, no entanto, não é isolado. Nos últimos dez anos, o setor evoluiu mais de 55%, consolidando o Brasil como o quinto maior produtor de ovos do mundo, com destaque para os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
De acordo com Laíz Foltran, coordenadora de Inteligência de Mercado da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o desempenho recente é resultado direto da recuperação pós-crise dos custos de produção. Assista ao vídeo abaixo e confira a entrevista na íntegra.
Após um 2022 difícil, marcado pela disparada do milho e de outros insumos, 2023 trouxe alívio ao setor, incentivando o aumento dos alojamentos de poedeiras.
“A alta de mais de 15% no número de aves alojadas em 2023 refletiu diretamente no recorde produtivo de 2024”, explica Laíz.
A exportação de ovos brasileiros têm registrado avanço e ganhou fôlego com a abertura de novos mercados, como os Estados Unidos e o México. “Temos potencial para ultrapassar 30 mil toneladas exportadas em 2025”, projeta Laíz.
Exportações crescem, mas consumo interno ainda predomina
Segundo a Laíz, o desempenho positivo mesmo em um ano marcado por casos de influenza aviária mostra que o Brasil está preparado para crescer no comércio internacional. “Abrimos o mercado dos EUA para ovos in natura de consumo humano, um passo importante que tem puxado os embarques. O México também se tornou um destino promissor, especialmente para produtos processados”, aponta a especialista.
Apesar do avanço, Laíz destaca que ainda é preciso desenvolver uma cultura exportadora entre os produtores brasileiros, com foco em relacionamento de longo prazo com os importadores.
“Exportar não é só colocar o ovo no contêiner. É preciso estratégia, padronização e confiança”, reforça.
Investimentos em biosseguridade fortalecem a cadeia
O valor bruto da produção de ovos em 2024 superou os R$ 26 bilhões, segundo a ABPA. Os recursos movimentados estão sendo reinvestidos em tecnologias e na biosseguridade das granjas, especialmente após os primeiros casos de influenza aviária em aves migratórias, registrados em 2023.
“O setor entendeu a importância de intensificar os cuidados sanitários. Isso garantiu segurança ao consumidor e confiabilidade para os compradores internacionais”, diz Laíz. Ela destaca que a produção segue muito concentrada em São Paulo, especialmente em Bastos, considerado o principal polo avícola do país.
Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul também têm se destacado na produção e arrecadação. O ritmo de crescimento em outros estados, no entanto, está diretamente ligado à demanda local de consumo, o que justifica a liderança paulista, por ser também o maior mercado consumidor.
Desafios e oportunidades para o futuro da avicultura de postura
Para além dos números, o cenário atual aponta para oportunidades de expansão e diversificação da produção de ovos no Brasil. Segundo Laíz, a demanda internacional deve continuar aquecida, impulsionada por questões sanitárias em grandes concorrentes, como os Estados Unidos, e pela busca global por proteínas acessíveis.
“Temos clima favorável, status sanitário reconhecido e uma cadeia cada vez mais profissionalizada. O desafio agora é manter o ritmo de crescimento com qualidade, sustentabilidade e foco na abertura de novos mercados”.
Laíz Foltran, coordenadora de Inteligências de mercados da ABPA
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